Como não criticar o marido

Sempre ouvi na gravidez que não devemos criticar a maneira como o pai cuida do bebê, porque senão ele fica bravo e não ajuda mais, então me comprometi internamente a não criticá-lo.

O problema é que logo na licença maternidade o homem fica em desvantagem, afinal é a mãe que passará 24h com o bebê, e isso faz com que ela conheça profundamente diversos sinais de seu filho, por exemplo, eu já consigo identificar quando o choro é de cólica, fome ou sono...ele não, tudo é cólica.

Já peguei a menina se esgoelando após mamar, ela queria o paninho pra dormir e a chupeta, mas ele a chacoalhava pela casa inteira com a barriga pra baixo cantando Jorge Ben pra ela ficar calma, como avisá-lo sem que ele se sinta inútil? Neste caso cheguei perto, a virei e dei a chupeta, apagou na hora...tentei consolá-lo dizendo: - Tadinha, ficou cansada com a cólica...Outro dia ela estava com as duas mãos dentro da boca chorando, ele foi pegar o Luftal e eu a mamadeira...

Tadinho, é um excelente pai, mas definitivamente mãe é mãe, ele não tem muita paciência...contei que ela estava empolgada com o DVD do Barney, ele colocou na TV e ficou olhando a carinha dela, depois de uns 5 minutos afastou o carrinho e disse: - Ela dormiu. Mudou de canal para o Sportv. Olhei para ela e estava com os olhinhos arregalados, rindo sozinha, olhando pro teto!

No começo quando ela não dormia ele me ajudava com as mamadeiras noturnas, um dia me disse que daria a mamadeira da meia noite então fui dormir, acordei com a bebê berrando às 03:30h, ele deu um pulo da cama, pegou-a no colo e ficou chacoalhando dizendo: -Desculpa filhinha, papai não acordou, o minha filha, me desculpa. Enquanto ele se desculpava resolvi ir buscar a mamadeira, já que era isso que ela queria...

E fralda...ele pensa que só troca quando faz cocô, a bebê está com um tijolão de xixi mas tudo bem! Quando vai trocar fica perguntando: - Cadê o algodão? E a roupinha, pega pra mim? E a toalhinha, pega? Pega água quente? Aí dou um berro: - Se é pra eu pegar tudo então deixa que eu troco! (obviamente já p. da vida com a exploração materna...)

Outro dia a bebê estava com cocô dos pés à cabeça! Ele não a escutou fazendo, achou que fosse só pum...ficou dizendo: - Isso filha, você é igual ao papai!

Então quebrei minha promessa interna e comecei a ensinar, ele não gostou, achou que eu estava sendo controladora...na verdade ele começou a se comportar como um assistente e confesso que isso me irritou bastante.

Por qual motivo sou EU que devo saber de tudo? Eu não tive que ler sobre todos os assuntos na internet? Por que ele não faz o mesmo? Será que não passa pela cabeça dele que eu sou mãe de primeira viagem e teoricamente deveria estar aprendendo tudo junto com ele e não ensinando? Porque se tenho que ensinar, significa que aprendi antes sem ele, e deve ser por isso que sinto que sobra tudo para mim...

Então, como não apelar para as broncas? Tento respirar...entendi que mesmo ele não a conhecendo tão bem quanto eu ela ficará muito bem, tento sentir menos culpa quando ele faz tudo errado. Acredito que nenhum homem gosta de ser ensinado por uma mulher, por isso tento descer do meu pedestal (sim, eu me coloquei lá em cima junto com todos os conhecimentos que adquiri) e ficando de igual pra igual as coisas começaram a fluir melhor. Ele finge que não a escuta chorando à noite? Eu o acordo e digo: é sua vez. Ele diz que vai trocar a fralda no intervalo do jornal? Eu vou tomar banho (e resisto à tentação de trocá-la na hora emburrada). Ele diz que não sabe o que colocar na malinha da escola? A lista está na geladeira!

DELEGAR: a melhor escolha que eu fiz. Participar mais e fazer as coisas do jeito dele permitiram que nossa filha o respeite como pai. Imagina ela crescer ouvindo que o pai faz tudo errado? No mínimo acharia que nasceu de um jumento, e não é esse ambiente que quero criar.

O primeiro passo consegui dar: deixá-lo cuidar da nossa bebê.

O segundo passo preciso retomar: deixá-lo cuidar de mim!